quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Temos motivos para comemorar?

Hoje é o Dia dos Professores, profissão que deveria ser tratada com distinção e valorizada pois dela depende a formação intelectual de nosso filhos e dos que virão depois deles. Mas, infelizmente, no Brasil isso está longe de ser uma realidade.
Não estou falando daqueles professores que andam quilômetros para dar aulas em salas sem energia nos sertões do Brasil, mas sim daqueles que frequentam as escolas públicas e privadas de nossas cidades ditas desenvolvidas.
Eu convivo de perto com professores de escolas particulares que cobram mais de R$ 500 de mensalidade, porém, esses profissionais têm que ficar correndo de uma escola para outra e ainda passam as noites preparando e corrigindo provas e trabalhos. A rotina é exaustiva e o salário bem menor do que o merecido.
O professor brasileiro de ensino fundamental é um dos que mais sofre com os baixos salários, mostra pesquisa feita em 40 países pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgada , em Genebra, na Suíça. A situação dos brasileiros só não é pior do que a dos professores do Peru e da Indonésia.Um brasileiro em início de carreira, segundo a pesquisa, recebe em média menos de US$ 5 mil por ano para dar aulas. Isso porque o valor foi calculado incluindo os professores da rede privada de ensino, que ganham bem mais do que os professores das escolas públicas. Além disso, o valor foi estipulado antes da recente desvalorização do real diante do dólar. Hoje, esse resultado seria ainda pior, pelo menos em relação à moeda americana.Na Alemanha, um professor com a mesma experiência de um brasileiro, ganha, em média, US$ 30 mil por ano, mais de seis vezes a renda no Brasil. No topo da carreira e após mais de 15 anos de ensino, um professor brasileiro pode chegar a ganhar US$ 10 mil por ano. Em Portugal, o salário anual chega a US$ 50 mil, equivalente aos salários pagos aos suíços. Na Coréia, os professores primários ganham seis vezes o que ganha um brasileiro. Com os baixos salários oferecidos no Brasil, poucos jovens acabam seguindo a carreira.
Outro problema é que professores com alto nível de educação acabam deixando a profissão em busca de melhores salários. O estudo mostra que, no País, apenas 21,6% dos professores primários têm diploma universitário, contra 94% no Chile. Nas Filipinas, todos os professores são obrigados a passar por uma universidade antes de dar aulas.A OIT e a Unesco dizem que o Brasil é um dos países com o maior número de alunos por classe, o que prejudica o ensino.
Segundo o estudo, existem mais de 29 alunos por professor no Brasil, enquanto na Dinamarca, por exemplo, a relação é de um para dez.
Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o salário médio do docente do ensino fundamental em início de carreira no Brasil é o terceiro mais baixo do mundo, no universo de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento. O salário anual médio de um professor na Indonésia é US$ 1.624, no Peru US$ 4.752 e no Brasil, US$ 4.818, o equivalente a R$ 11 mil. A Argentina, por sua vez, paga US$ 9.857 por ano aos professores, cerca de R$ 22 mil, exatamente o dobro. Por que há tanta diferença?
O professor exerce papel fundamental na formação das pessoas, comparável ao da própria família, na tarefa de transmitir valores e conhecimentos responsáveis pela definição dos destinos de cada um. Da alfabetização ao ensino de conceitos físicos ou filosóficos, das primeiras operações à solução de equações complicadíssimas, é o professor quem abre novas perspectivas de vida para as pessoas. Por este motivo, é necessário que sejam valorizados na mesma proporção do que representam para a sociedade, para o país.
O Brasil precisa, portanto, definir urgentemente políticas de educação, com o estabelecimento de metas factíveis que possam, efetivamente, amenizar esta cruel forma de exclusão, que é o analfabetismo e a falta de qualificação profissional. Só assim o país poderá vislumbrar um futuro mais promissor.

8 comentários:

  1. Pois é:precisamos de tantas reformas que fica difícil definir por onde começar. A educação pode ser uma delas...

    Veja o barulho que o post da Maitê causou no meu blog. Inclusive tem um cara detonando o seu comentário...

    bjos!

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  2. Pois é né Flavinha, onde vamos parar?? Investir em educação e saúde não, mas investir em Olimpiada pode!!

    Beijos!!

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  3. Pior de tudo Flavinha são aqueles que se formam e não conseguem emprego na área como é o caso do meu marido, que tem 3 anos de formado e até hj nada...

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  4. É, não é de hoje que sabemos que o Brasil deveria se importar com a educação.
    É triste vermos o quanto esses professores sofrem e são desvalorizados. Sinceramente, isso me revolta.
    Tenho uma tia que dá aula em colégio municipal e trabalha com crianças super humildes e que a amam da forma mais linda. E ela é profissional. Tem faculdade e duas pós, porém o reconhecimento parece que nunca vem. Felizmente as crianças a fazem feliz.

    Belo post, Flavinha!
    :*
    -A.

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  5. è uma vergonha, eles deveriam ser pessoas muito bem remuneradas, é uma profissão importantissima, e não é atoa q está entrando em extinção!

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  6. OI flavinha, assim que a vê mandar o tema eu aviso, podexá... bj

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  7. Oi pessoas blogueiras, o tema da semana ja está disponivel no A insustentavel leveza de ser mulher , bjs e boa blogagem!

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  8. Olá Flavia, visitando pela 1ª vez seu blog, através, é claro, do da Vê (minha amigona).
    Além do post muito bem escrito, fui lendo e sentindo na pele todas as suas colocações. Cursei direito, abandonei por não ter um minimo de afinidade com nada do curso; entrei p/ faculdade de jornalismo e no momento do bendito estágio, ao colocarem um microfone na minha mão, caí dura literalmente, fuji de lá tbm. Então decidi fazer o que sempre tive desejo: ser professora! E pasme, sou muito realizada em minha profissão, Pedagoga com muito orgulho! Porém, em concordância com absolutamente tudo que vc expressou nessas linhas. Somos mal remunerados, não temos tempo para mais nada, não somos reconhecidos, trabalhamos em tempo integral e hora extra (levamos trabalhos para casa) e nada de grana. Então é o que digo sempre, p/ ser professor nesse país, é preciso muita força de vontade, pq uma hora o resto acaba!

    E tem muito, muito mais que ainda acontece, mas que memso assim, levanto todas as manhãs disposta a seguir em frente e na certeza de que é isso que quero fazer para o resto da vida.

    Um grande abraço, minha quase colega de profissão.

    kkkkk

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