quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cabeza de Vaca e Markun

O jornalista e presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun esteve ontem no Sesc Piracicaba para lançar seu mais novo livro Cabeza de Vaca. Num bate-papo descontraído com a pequena plateia de cerca de 35 pessoas, Markum esclareceu porque resolveu contar a história de Cabeza de Vaca, desbravador do século XVI que, entre outras peripécias, sobreviveu a três naufrágios na América do Norte, viveu quase dez anos entre os índios, percorreu milhares de quilômetros a pé e tornou-se um mítico curandeiro.
Álvar Núñez Cabeza de Vaca foi tão ousado e persistente quanto seus contemporâneos Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães, Hernán Cortés e Francisco Pizarro. Pode ter tido menos fortuna e reconhecimento, se comparado a esses homens que mudaram o mapa do mundo, mas não lhe faltou sorte.
Neto de um grande guerreiro, o fidalgo espanhol deixou sua casa em Jerez de la Frontera quando adolescente, para se tornar soldado profissional. Lutou na Itália e foi gravemente ferido. Recuperado, serviu como camareiro de um duque e envolveu-se em incidentes picantes. Depois de combater um movimento rebelde, embarcou rumo à Flórida, na condição de tesoureiro real. Foi o início de uma odisseia. A história é mesmo surpreendente: Cabeza de Vaca sobreviveu a três naufrágios, curou centenas de índios, atravessou, nu e descalço, parte dos atuais Estados Unidos e México, voltou à Espanha e obteve um cargo como recompensa por suas desditas. Depois de nova viagem, tomou posse de Santa Catarina, na condição de seu primeiro governador. Mas não sossegou: atravessou a pé o território brasileiro, chegando a Assunção. Dali, partiu novamente em busca de uma serra misteriosa, feita de prata, até ser imobilizado pela malária num pequeno forte no meio do nada.
Muito simpático Markun ainda descorreu sobre seus mais de 35 anos de carreira, seus livros anteriores e deu pitacos na poítica nacional e na preservação ambiental. Como é bom ouvir pessoas articuladas e inteligentes, que sempre tem algo a acrescentar sobre qualquer assunto.
O que me chamou a atenção foi entre os ouvintes não haver um jovem sequer, mesmo na cidade tendo um curso de jornalismo. É uma pena tão pouco interesse por uma figura tão representativa na nossa profissão.

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