segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tristes tradições

Henrique José Servolo Filho, engenheiro agrônomo, doutorando em Ciências Florestais e professor de matemática.


Com base em minhas tradições, de valores, culturais, históricas e familiares, fiquei bastante indignado com atos que presenciei na última sexta-feira, 15 de maio. Durante a passeata dos bixos da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), alguns estudantes foram presos por atentado ao pudor e por danificarem um varejão. A maioria estava tão bêbada que mal conseguia andar.
Como pai, educador e esalqueano fiquei muito preocupado com a atitude de alunos recém admitidos na universidade praticando atos de vandalismo e desrespeito.
Comemoro este ano, 20 anos de formatura na Esalq, onde hoje frequento o curso de doutorado e não gostaria de ter visto tais cenas vindas de futuros colegas de profissão.
Para piorar meu descontentamento lembro que esses jovens podem ter passado pelas minhas salas de aula, onde ensino matemática. O que está acontecendo com esses universitários?
A USP, para tentar coibir abusos, já proibiu há algum tempo a ingestão de bebida alcoólica e os chamados trotes no Campus, mas nas ruas, repúblicas e bares fica a cargo da consciência de cada um.
Ainda como professor e educador, constato que os jovens chegam cada vez mais imaturos às universidades. Quando saem da casa dos pais agem sem controle e bebem mais do que se imagina.
Pergunto-me o que pensaram esses cidadãos que formam a elite pensante e intelectual do País, quando em nome de uma tradição questionável invadem embriagados e em bando um estabelecimento comercial e destroem o lugar, gerando prejuízos ao comerciante?
Que paradoxal, o varejão que foi invadido, vende justamente produtos que são resultado de anos de trabalho, pesquisa e estudo de seus futuros colegas de profissão.
Tentando entender onde esses atos possam ter origem, vejo muitos alunos e ex-alunos meus, entre 15 e 18 anos, em locais de diversão e lazer como clubes, com copos de cerveja numa mão e cigarros em outros, “curtindo” o final de semana em ambiente familiar. Será que ainda pensam que essas atitudes são sinal de emancipação pessoal e masculinidade?
Com tanta informação a qual esses jovens têm acesso, isso só pode ser a meu ver, um ato de estupidez. Não quero aqui ser moralista e nem pregar a abstinência, só acredito em limites e valores e como professor vejo que é o que mais falta dentro das casas.
Parece que tudo é muito fácil para esses filhos da classe média alta e eles ficam sem ter a dimensão do quanto é valoroso ter uma formação acadêmica sólida e com isso conseguir uma vaga em boas universidades.
A tradição de que me orgulho como esalqueano apaixonado é sempre a de me deparar com resultados de pesquisas, trabalhos e experimentos importantes com a participação de colegas da universidade. Com a certeza estatística de saber que o campus de Piracicaba é um dos mais produtivos da USP.
A chamada tradição, questionável, que presenciei ultimamente é digna de prisão, o que infelizmente parece ser o caminho para dar limites a esses jovens que tiveram as melhores oportunidades, começando com ótimas escolas de ensino fundamental, aulas de inglês e tudo o que de melhor se possa ter, e que às vezes não valorizam. Outros quando conseguem sua vaga, continuam imaturos não percebendo a dimensão do que conquistaram. Diversão é ótimo, limite também.

Em tempo: artigo publicado esta semana na imprensa piracicabana, escrito por alguém especial que admiro muito

4 comentários:

  1. Infelizmente os universitários não têm limites. O que podemos esperar para o futuro com profissionais sem limites, discernimento e mais: capacidade de solidariedade, humanidade? Sinceramente, está difícil! Bjs

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  2. Eu acho isso uma palhaçada sem tamanho. Vc sabe que aqui na USP há uns 10 anos morreu um rapaz. Uma amiga minha que estudava no Mackenzie foi devidamente "leiloada" no trote. Eu escapei, nem sei como e na época da Lú ( estudávamos na mesma faculdade ) dei um jeito de salvá-la também.

    Beijos!

    Sah

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  3. Nossa ... nem imaginava que não pode divulgar esse tipo de imagem ! Nos pisamos na bola então?

    Quanto a doação de sangue para cães, a maioria das pessoas nao sabe mas muitos criadores de PitBull levam os seus cães para doar sangue regularmente. Eu sou suspeita para falar sobre essa raça. Tive uma PitBull há alguns anos e foi o melhor cão ( em relação a temperamento ) que eu já tive. Qualquer dia posto a respeito!

    Beijos!

    Sah

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  4. Henrique, um dos melhores professores que tive na vida.

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